Sobre a greve.

Refletindo sobre a nossa greve, não consigo esquecer as palavras de Renato Russo " não vou me deixar embrutecer, eu acredito nos meus ideais, podem até maltratar o meu coração que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar ". Entramos no processo em que as negociações se esgotaram a muito tempo e só nos resta o enfrentamento direto com esse governo que propagandeia, mas não quer saber de educação.
           O que percebemos é a regressão de direitos conquistados e a progressão da intolerância e repressão.Ou lutamos agora, ou iremos continuar sofrendo as consequências de uma educação brasileira desvalorizada e sem " recursos financeiros ". Cabendo aos educadores a famosa máxima " escolheram a profissão, agora aguentem ". Parece que vivemos as relações exógenas  e não endógenas a categoria.E assim as perguntas vêm: não iremos ganhar nada ? Iremos prejudicar os alunos ? minha carga horária irá diminuir ? Dentre tantas outras que poderiam preencher mais páginas.
            Ficamos, nesse momento,ancorados em explicar novamente os ônus das nossas ações. Conseguimos o PCCR, mas também deixamos algumas coisas escaparem, tal como nosso deslocamento do piso salarial que do nível médio para o superior ficou em 1/5 % e para o Doutor em 6 %. Precisamos debater outra vez se é isso que queremos. Mas, também, precisamos debater a jornada de trabalho e a HP que responde a última pergunta sobre a carga horária do professor.
Precisamos entender que direitos são conquistados e não dados. Ou lutamos por eles ou viveremos reclamando nas escolas a nossa situação. Devemos compreender que os espaços de decisões, são também espaços de divergências políticas. Ou nos integramos nas assembléias ou tentamos construir outros fóruns que possam envolver todos que querem debater. O que não podemos é entender que as decisões são por escolas, desrespeitando a assembléia.
             Sendo assim,ganhos nós teremos no processo. O que não podemos aceitar são nossos vencimentos terem redução em vez de rendimentos.Ou seja tivemos a lei da compensação por parte do PCCR com a exclusão de outras vantagens. Se nós calarmos agora, nem ganhos teremos com o piso, que se depender do Governador receberemos em 24 mêses.
O teste por parte do governo está posto: até onde a categoria pode estabelecer o conflito com o governo? Devemos responder a altura. Mostrar que intimidações aos profissionais da educação( descontos0 e propagandas enganosas para a população serão respondidas com a qualidade de quem, no dia-dia, tenta construir um futuro melhor para os nossos alunos e suas famílias. De quem entende que manter os alunos fora da escola tem seus problemas, porém, a educação,da forma como tem sido tratada pelos governos, tende a prejudicar muito mais que qualquer greve da categoria, pois é excludente e voltada para a meritocracia.
             Lutaremos com as " armas " que nos cabe.Greve, atos ,nosso grito e nossa voz junto à sociedade paraense para mostrar " novamente " que a educação, da forma como vem sendo conduzida pela maioria dos governos, tende a criar uma geração de excluídos.
Devemos mostrar que não ficaremos quietos diante de tantas arbitrariedades.
Este texto disseca muito bem o sentimento da maioria dos professores.O texto original pertence ao professor Mestre Allan Silva.Sofreu algumas alterações feitas pelo blog por conta da nova fase vivenciada nessa luta pelos nosso direitos.
A greve continua!!!!