Uma Escola Diferente para que Todos se tornem iguais
Marcelo era um menino que se sentia menina, vivia numa família classe média baixa e desde criança já demonstrava seus trejeitos bem femininos, era caçoado no colégio onde cursava o ensino fundamental, queria ser menina mas escondeu o desejo e seguiu em frente pois queria estudar e lá no início dos anos 90 era inimaginável uma travesti em um colégio particular em Belém do Pará. Marcelo seguiu em frente e se formou, anos depois em Publicidade e Propaganda, trabalhou na área mas continuava com aquele desejo.
Hoje, Marcelo é Symmy Larrat, ativista de uma ong que luta pelos direitos de Travestis e Transexuais, está a cada dia dando um passo a mais para a realização de seu desejo, mas continua com uma angústia: ela faz parte de uma triste estatística que revela que menos de 5% das travestis estão na escola e cerca de 90% ainda vivem na prostituição.
O quadro de preconceito é muito freqüente em escolas de todo o Brasil, quando a travesti assume sua identidade feminina ela passa a ser mais hostilizada entre os alunos e até mesmo dos próprios professores que deveriam educar, pois eles estão formando futuros cidadãos do nosso país, que segundo a constituição tem direito a educação indiferente da sua orientação sexual.
Quando a travesti é rejeitada em casa, alijada da escola e hostilizada na sociedade ela procura SOBREVIVÊNCIA nas esquinas, onde ao invés do lápis, do caderno e dos livros ela conhece o sexo como tábua de salvação aliado a marginalidade e às drogas, na maioria dos casos.
Essa rejeição começa, no caso da escola, logo na chamada, quando “Maria” é chamada de “João”. O Estopim da evasão de travestis é a questão do nome. No Pará, em 2008, essa realidade começou a mudar e contagiar outros estados do país numa corrente do bem em busca da inclusão de pessoas trans no ambiente escolar. Numa iniciativa corajosa o Governo do Estado, então chefiado por Ana Júlia Carepa, permitiu o uso do nome feminino --chamado de nome social-- de travestis e transexuais nas escolas.
Só isso não basta, mas é o início da mudança de uma escola excludente, para uma escola de todos. Ora, se Symmy Larrat tivesse sido chamada desde o início pelo nome que queria ser reconhecida, sua história seria diferente. E outras tantas amigas travestis de Larrat, mesmo tendo que trabalhar nas ruas para sobreviver podem se sentir mais à vontade para voltar a sala de aula.
A homossexualidade e a transexualidade são tratadas com toda carga de preconceito que a situação acarreta dentro da escola. Agressões verbais e físicas, ameaças e bulling são apenas alguns sinais da rotina de discriminação que sofrem os adolescentes homo/transsexuais por parte dos colegas de sala de aula e até de professores.
A escola tem sido o primeiro lugar onde os homossexuais mais sofrem preconceito. E não é só. Pesquisas feitas pela Unesco em 2006 ilustram a gravidade do preconceito nas escolas: uma delas, entre os alunos, descobriu que 40% dos meninos brasileiros não querem um colega homossexual sentado na carteira ao lado; outra, com professores, mostrou que 60% deles consideram "inadmissível" que uma pessoa mantenha relações com gente do mesmo sexo.
Iniciamos o debate para uma educação revolucionária que inclui, que defende o direito de todos ao acesso. Na contrapartida disso os números de builing crescem assustadoramente, o que é óbvio, uma vez que a escola começa a receber e empoderar os “diferentes” haverá uma reação conservadora que temos que frear e combater através do debate de políticas públicas no âmbito da educação que permitam a inclusão social na escola.
O debate está apenas começando, mas é preciso coragem dos profissionais da educação em construir uma realidade fora do armário.
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Saudações Homoafetivas e socialistas!
Symmy Larrat (91) 8313-2416
Conselheira do Conselho Estadual da Diversidade Sexual
Ativista da ONG GRETTA - Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazõnia
Conselheira do GT de Implementação do Plano de Segurança e Combate a Homofobia da SEGUP
Denúncias de Homofobia (91) 3201-2729
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